quinta-feira, 27 de março de 2008

Daniel Faria (1971-1999)




Escrevo do lado mais invisível das imagens

Na parede de dentro da escrita e penso

Erguer à altura da visão o candeeiro

Branco da palavra com as mãos


Como a paveia atrás do segador

Vejo os pés descalços que correm

E escrevo para os que morrem sem nunca terem provado o pão

Grito-lhes: imaginai o que nunca tivestes nas mãos


Correi.

Como o segador seguindo o segador

Numa ceifa terrestre, tombando. Digo:

Imaginai


de Dos Líquidos, “Poesia”, 2000

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